sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Técnicas de Contação de Histórias




Os contadores de histórias na atualidade, geralmente, elegem fontes escritas, o que requer por parte destes a leitura solitária e cuidadosa antes da transmissão oral. Assim, um critério essencial  que não pode ser ignorado pelo contador de histórias é a qualidade literária dos textos escolhidos para a narração. É primordial o conhecimento e a seleção de bons textos literários e possuir uma boa experiência pessoal de leitura.

 

No momento de escolher a história, o contador deve levar em consideração o seu público alvo, para quem conta, onde conta e o que conta. A preparação da história começa com a escolha criteriosa e cuidadosa do texto, pela leitura do que está explícito e implícito no texto. Uma leitura mais aprofundada do texto durante a preparação do contador possibilita uma visão mais detalhada das entrelinhas e um envolvimento maior com o que foi escrito, de modo a realizar de maneira mais adequada e agradável sua narração.

 

 A leitura das entrelinhas, isto é, de cada detalhe, é indispensável para que o leitor, no caso o contador, possa ultrapassar a superfície do texto e envolver-se na realização de uma leitura mais bem aprofundada. É preciso, então, que ele não esqueça que a leitura é o exercício de um diálogo. Além disso, o contador precisa apreciar a história, como alguém aprecia uma comida saborosa, de modo a que essa apreciação o desperte para a sensibilidade e emoções que o texto transmite. 

 

O modo pelo qual o texto é transmitido aos ouvintes deve levar em consideração a ação vocal por meio da qual o texto é transmitido. A narração dos novos contadores, ou seja, a forma com que contam suas histórias, deve ser sempre uma “performance” teatral. Por isso, os contadores podem ser considerados atores de uma teatralidade viva. Para Sisto (2005) Alguns aspectos essenciais precisam compor a performance do contador, como emoção, texto, adequação, corpo, voz, clima e memória. Nesse sentido, o contador deve pesquisar, estudar e treinar para a sua contação, apresentar o texto com naturalidade. A naturalidade exige segurança e simplicidade no desempenho. O uso de artificialidades, isto é, recursos durante as falas e a atuação implicam na instabilidade do contador perante seu público. Conforme Sisto (2005, p.22) “quem conta tem que estar disposto a criar uma cumplicidade entre a história e o ouvinte, oferecendo espaço para o ouvinte se envolver e recriar.”

 

 Para Zumthor (2005) os principais instrumentos do narrador são sua voz e seu corpo, para transmitir as emoções do enredo do texto. A voz é um elemento natural, desde sempre separado da linguagem: ela midiatiza a língua. Assim, o contador deve educar a voz para conseguir o melhor efeito possível enquanto narra e também atentar para a sua expressão corporal. A voz tem uma função importantíssima durante a contação, ela deve ser modulada de acordo com o que está sendo narrado. 

 

Conforme Coelho (1986) é preciso levar em consideração os seguintes aspectos: intensidade, clareza e conhecimento. A intensidade está ligada ao timbre de voz. Entonação e ritmo devem-se adequar às emoções que o contador quer compartilhar e instigar em seus ouvintes. A clareza, por seu lado, diz respeito a uma boa dicção, correção da linguagem. O conhecimento, enfim, depende do aprofundamento do contador no campo da literatura que pretende trabalhar. Segundo Sisto (2005) são elementos chaves que o contador de histórias deve levar em conta para produzir uma boa narração: atentar para o ritmo da fala, projetar a voz, pronunciar as palavras com a maior clareza possível, tornar expressivo o que se diz, descobrir a musicalidade das frases, utilizar a impostação da voz de forma correta, fazer contato visual com o público e confiar na sua contação. 

 

O corpo também assume um papel importante na transposição do texto impresso para a narração oral. O corpo fala por si só. Sendo assim, a expressão corporal é fundamental para dar credibilidade ao que está sendo narrado. Os gestos devem ser verdadeiros, ou seja, resultar de emoções de fato vivenciadas. Gestos comedidos, controlados, geram cansaço e incredibilidade no ouvinte perante aquilo que esta sendo narrado. Ao integrar o texto narrado e a expressão corporal o contador alcança um resultado satisfatório em sua atuação. Cada gesto, cada palavra carrega em si e em seu conjunto a narrativa que o contador pretende transmitir, imprimindo, assim, ao ato de contar sentido e direção. Outro aspecto fundamental durante a performance do contador é o do seu olhar. O olhar instiga o ouvinte a adentrar na história. O contador deve ter um olhar triplicado, pois ao mesmo tempo em que olha para a história que está contando, tem que voltar seu olhar para si e para seus ouvintes. A sensibilidade do olhar do contador mediará o envolvimento de seus ouvintes com o texto que narra. 

 

Para contar bem uma história são necessários os seguintes cuidados por parte do contador:

  • conhecer bem a história;
  • fazer um planejamento antes de contá-la;
  • não enfatizar detalhes simples;
  • mostrar entusiasmo e alegria ao contá-la;
  • evitar o uso de muitos “então”;
  • utilizar linguagem clara e correta;
  •  pronunciar bem as palavras;
  • olhar para seus ouvintes;
  • não interromper a narração para dar explicações;
  • falar em tom audível e com voz modulada.

 

Além dos cuidados acima, as técnicas de voz utilizadas no teatro e a expressão corporal podem ajudar o contador de histórias a dar vida a suas narrativas. O contador de histórias contemporâneo tem consciência de que sua voz é importantíssima, uma vez que ela possibilita ao ouvinte criar sua própria história, visualizar as imagens e imaginar todos os aspectos que envolvem a história que está sendo narrada. A voz quando bem utilizada se torna a responsável imediata para o estabelecimento de um vínculo positivo entre o contador e o ouvinte. A voz do contador deve ser utilizada com certa intencionalidade, cheia de significados daquilo que se deseja comunicar ao outro e não cheia suspenses e hesitações vazias que nada acrescentam. 

 

A expressão corporal também pode auxiliar o contador de histórias a manter seus ouvintes atentos a cada detalhe que está sendo narrado. Contudo, deve se ter uma certa cautela, pois movimentos muito exagerados podem contribuir para a dispersão do ouvinte. E finalmente, o contador de histórias deve se envolver emocionalmente com a história que vai narrar. Se seu objetivo é emocionar, deve priorizar o despertar da emoção dos espectadores, se for fazer rir, deve conduzir a narrativa de tal modo que o público dê boas risadas. Nessa perspectiva, o contador de histórias deve procurar sempre aperfeiçoar suas técnicas. Na escola, a contação de histórias poderá contribuir para a formação de bons leitores e produtores de textos, bem como contribuir para o desenvolvimento da comunicação oral e da expressão corporal. 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

COELHO, B. Contar histórias uma arte sem idade. São Paulo: Ática, 1986. 

SISTO, C. Textos e pretextos sobre a arte de contar histórias. 2 ed. Curitiba: Ed. Positivo, 2005. 

ZUMTHOR, P. A presença da voz. In: Escritura e nomadismo. São Paulo: Ateliê Editorial, 2005. p 61-102.

 

Quem foi Esopo?








 Quem foi Esopo?

Esopo, fabulista grego, nascido por volta do ano de 620 a. C. Ignora-se o lugar de seu nascimento; alguns dizem ter sido Samos ou Sardes, enquanto Aristófanes o supôs filho de Atenas. Segundo o historiador Heródoto, Esopo teria nascido na Frígia e trabalhava como escravo numa casa. Há ainda alguns detalhes atribuídos à biografia de Esopo, cuja veracidade não se pode comprovar: seria corcunda e gago, protegido do rei Creso. Dizem que as fábulas de Esopo encantaram tanto o seu dono que este o libertou. Dizem que esse Esopo recebeu honrarias e foi recebido em palácios reais. 

Esopo teria sido condenado à morte depois de uma falsa acusação de sacrilégio, ou talvez porque os habitantes de Delfos estivessem irritados com suas zombarias, ou ainda porque suspeitassem de que Esopo teria a intenção de ficar com o dinheiro que Creso lhes tinha destinado. Esopo não deixou nada escrito: as fábulas que lhe são atribuídas pela tradição foram recolhidas pela primeira vez por Demétrio de Falera, por volta de 325 a.C. Antes do advento da impressão, as fábulas de Esopo eram ilustradas em louça, em manuscritos e até em tecidos.  

Em suas fábulas os seus animais falam, cometem erros, são sábios ou tolos, maus ou bons, exatamente como os homens. A intenção de Esopo, em seus textos, é mostrar como nós, seres humanos, podemos agir. Discute-se a sua existência real, assim como acontece com Homero. Levanta-se a possibilidade de sua obra ser uma compilação de fábulas ditadas pela sabedoria popular da antiga Grécia. 

 

Seja lá como for, o importante é a imortalidade da obra a ele atribuída. As fábulas de Esopo, contadas e readaptadas por seus continuadores, como Fedro, La Fontaine e outros, tornaram-se parte da sabedoria popular e trazem vários ensinamentos aos seres humanos. Esopo nunca escreveu suas histórias. Contava-as para o povo, que por sua vez se encarregou de repeti-las. Mais de duzentos anos depois da morte de Esopo é que as fábulas foram escritas, e se reuniram às de vários Esopos. Em outros países além da Grécia, em outras civilizações, em outras épocas, sempre se inventaram fábulas que permaneceram anônimas.

PROJETO SEGUIDORES DE ESOPO: CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS (2020)

 

PROJETO “SEGUIDORES DE ESOPO: CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS”

As histórias narradas sempre exerceram um grande fascínio sobre a humanidade. A literatura oral, durante muitos séculos, possibilitou ao ser humano transmitir sua cultura de geração em geração. A arte de contar histórias é uma tradição bastante antiga. Nossos antepassados contaram belíssimas histórias que possibilitaram o desenvolvimento da criatividade e da imaginação, bem como a transmissão da cultura.

Hoje, infelizmente, o hábito de contar histórias se perdeu no tempo. Assim, com o intuito de resgatar essa prática o Projeto “Seguidores de Esopo: Contação de Histórias” desenvolvido com acadêmicos do curso de Pedagogia da UEG – Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Sudoeste (Quirinópolis-GO), pretende formar grupos de contadores de histórias por meio de oficinas e promover o acesso de crianças e jovens à literatura infanto-juvenil nacional e aos clássicos da literatura universal.

O projeto de Extensão, denominado “SEGUIDORES DE ESOPO: CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS” – destina-se aos alunos da Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental e a primeira etapa da Educação de Jovens e Adultos (EJA) das redes públicas municipal e estadual e da rede particular da cidade de Quirinópolis, GO, das cidades circunvizinhas.

A meta principal do projeto é colocar a criança e/ ou os jovens e adultos em contato direto com a escuta e/ou a leitura de obras literárias do universo infanto-juvenil, tais como: contos de fadas, mitos, histórias de aventuras, fábulas, histórias reais, entre outras. Pretende-se com a execução do projeto ao longo do ano letivo, capacitar os acadêmicos do curso de Pedagogia para selecionar histórias adequadas à faixa etária, desenvolver técnicas de contação de histórias, elaborar e executar projetos de contação de histórias e capacitar professores da rede pública municipal e estadual para desenvolverem projetos de contação de histórias nas instituições em que atuam.

 



Técnicas de Contação de Histórias

Os contadores de histórias na atualidade, geralmente, elegem fontes escritas, o que requer por parte destes a leitura solitária e cuidadosa ...